Quando vemos um posto de combustível encerrando suas atividades, a primeira ideia que vem na mente de muitos é que o motivo se deve à alta no preço dos combustíveis e a concorrência desleal entre os postos. E essa não é uma ideia totalmente errada, pelo menos não em partes.
De acordo com o jornal Tribuna de Ribeirão, só na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, 11 postos de combustíveis encerraram suas atividades em 2019. O motivo se deve à redução das vendas devido à crise econômica e às dificuldades com as margens de lucro na venda dos combustíveis.
De acordo com Renê Abbad, vice-presidente da Brascombustíveis – Associação Brasileira de Postos de Combustíveis, dentre os 193 postos de combustíveis de Ribeirão Preto, 24 fecharam as portas nos últimos três anos. “A maioria por inviabilização do ponto nos negócios”, diz. “Dos 193 postos, uns 90 a 100 estão à venda e alguns prestes a fechar”, completa.
“Há três anos o mercado enfrenta dificuldade devido à baixa margem de lucro. A maioria têm R$ 0,20 de margem no etanol, que é o combustível que mais vende. Fica difícil, a conta não fecha”, acrescenta Abbad.
De acordo com uma pesquisa da própria Brascombustíveis, é necessário uma margem de lucro média de cerca de R$ 0,47 por litro no preço dos combustíveis (juntando os três produtos: etanol, gasolina e diesel) para que proprietários de postos de combustíveis consigam pagar os custos.
A concorrência desleal praticada por alguns postos também é uma “pedra no sapato” entre os que optam por trabalhar com combustível de qualidade, sem contar com a alta tributação, os custos elevados e outros desafios encontrados pelos proprietários idôneos.
Ainda segundo a Brascombustíveis, algumas distribuidoras estabelecem práticas de aumento de preço muitas vezes “inexplicáveis”, afetando dessa forma o preço dos combustíveis e, por sua vez, a saúde financeira dos postos. Com a alta no preço dos combustíveis, é natural que os consumidores passem a buscar por alternativas mais econômicas, como caronas ou serviços de transporte público, diminuindo o volume de vendas dos postos.
A concorrência desleal também induz o posto de combustível idôneo a praticar preços com margens tão baixas, que chegam a inviabilizar o negócio, levando o posto a encerrar suas atividades pouco tempo depois.
De acordo com Abbad, “O preço dos combustíveis na bomba deve contemplar seus custos, os custos dos impostos, o custo operacional e o das despesas. Isso sem contar com o aspecto segurança, que também é um fator determinante no preço dos combustíveis. Um posto de combustível é uma pequena/média empresa que precisa seguir regras de uma multinacional em aspectos de segurança. O governo não colabora, e isso tem um custo enorme no final”.
Analista de Marketing Digital, Diretor de Arte e Diretor de Conteúdo na Braim Marketing.